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HAIR é um ode à liberdade. Produto da contracultura hippie e da revolução sexual dos anos 60, muitas de suas canções tornaram-se hinos dos movimentos populares anti-Guerra do Vietnã nos Estados Unidos. O espetáculo hoje é considerado mais do que um marco no teatro, mas também um marco social.

 

Hair foi concebido pelos atores James Rado e Gerome Ragni, que se conheceram em 1964 durante uma peça começaram a escrever juntos o musical no fim daquele ano. Os personagens principais, Claude e Berger, são autobiográficos e foram, na primeira montagem, interpretados pelos próprios criadores, com o Claude de Rado sendo um romântico pensativo, e o Berger de Ragni um extrovertido. A relação próxima e volúvel dos dois autores foi refletida no musical. Rado diz: "Nós éramos grandes amigos. Tínhamos um tipo de relação passional que dirigíamos para a criatividade, para os textos e canalizamos para a criação da peça. Nós colocamos o drama existente entre nós em cima do palco."

 

O nome do musical, que deriva de uma pintura do artista da pop art Jim Dine, que mostra um pente e alguns fios de cabelo, era uma reação às restrições da civilização e seu consumismo e uma opção pelo naturalismo. James Rado relembra que cabelos compridos era "uma forma visível de consciência na expansão de seu consciente. Quanto maior era o cabelo, mais expansiva era a mente. Cabelos longos eram algo chocante e era um ato revolucionário deixá-los crescer. Era, realmente, como se fosse uma bandeira”.

 

Rado descreve a inspiração para Hair como a combinação de alguns personagens que encontravam pelas ruas, pessoas que conheciam e sua própria imaginação: "Nós conhecemos esse grupo de garotos do East Village que estavam recusando e jogando fora os certificados de alistamento e havia vários artigos na imprensa sobre alunos que estavam sendo expulsos das escolas por usarem cabelos compridos. Havia uma grande excitação nos parques, nas ruas e nas áreas hippies e nós imaginamos que se pudéssemos transmitir isso para o palco seria magnífico. Nós saíamos com eles e íamos a seus "Be-Ins" e deixamos nossos cabelos crescer. Vários integrantes do elenco original foram recrutados diretamente das ruas." Rado continua: "Aquilo foi muito importante historicamente e se nós não o tivéssemos escrito, não teria havido nenhum registro daquele movimento. Você hoje pode ler ou ver filmes sobre aquilo, mas não pode vivenciar a experiência pessoalmente. Nós pensamos: isto está acontecendo nas ruas e queremos levar para o palco."

 

O caráter experimental de Hair permeia a maioria das montagens até hoje. Foi o primeiro musical conceitual, uma forma de expressão que dominou o teatro musical norte-americano nos anos 70. Durante sua própria concepção, o espetáculo sofreu diversas alterações. Estreou em uma discoteca, no circuito off-Broadway, e passou para a Broadway três meses depois, após estrondosa repercussão (mesmo com a maior parte das críticas especializadas em teatro terem divulgado percepções negativas da obra).

 

Por tocar em tantos temas tabu, o musical levantou controvérsias desde que surgiu nos palcos. O final do Primeiro Ato, onde os atores ficam nus, foi a primeira vez que a Broadway viu atores e atrizes inteiramente nus em cena. Ele também foi acusado de profanação à bandeira nacional e linguagem obscena. Estas polêmicas, junto com a postura e o tema anti-Guerra do Vietnã, ocasionou algumas ameaças e atos de violência nas primeiras apresentações de Hair e se tornaram a base de ações legais contra os produtores, tanto nas montagens fixas em outras cidades, quanto nas apresentações em turnês pelo país. Dois casos de tentativa de censura foram parar na Suprema Corte dos Estados Unidos.

 

Graças a seu tema universal, Hair continua, até hoje, a ser uma das principais escolhas de produção de elencos amadores de escolas, cursos de arte dramática e universidades de todo mundo. Sua influência foi sentida não apenas nas artes, mas também nos costumes da sociedade. Como observou Ellen Stewart, fundadora do La MaMa, um espaço de teatro experimental em Nova York:

 

"Hair chegou de jeans, roupas confortáveis e coloridas, sons, movimentos... e você pode ir a um escritório e ver uma secretária hoje em dia e ela está de jeans... você pode ir a qualquer lugar que quiser assim e é o que Hair fez, e continua fazendo, décadas depois... uma espécie de emancipação, uma emancipação espiritual que veio da montagem de O'Horgan. Até os dias de hoje, Hair tem influenciado cada pequena coisa que você vê na Broadway, off-Broadway, off-off-Broadway. Em qualquer lugar do mundo você vê elementos das técnicas experimentais que Hair trouxe não apenas para a Broadway mas para o mundo todo".

 

Texto adaptado do artigo original da Wikipedia americana.

Paz, flores, livres...

 

Companhia de Teatro Independente Lusco-Fusco

apresenta

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